O Grupo de Teatro O Dromedário Loquaz, de Florianópolis, apresenta nos dias 10, 11 e 12 de setembro, às 20h, e no dia 14 de setembro (domingo), às 19h, no Teatro da Ubro, o espetáculo “O Vigia”, resultado de intenso processo de criação e experimentação artística. A nova montagem traz dramaturgia inédita de Diana Adada Padilha, que também está em cena ao lado de Antônio Cunha, do Grupo Armação, sob direção de Sulanger Bavaresco.
A trama se desenvolve em Niréa, uma ilha que vive sob a constante ameaça de um vulcão adormecido há séculos. Embora todos os habitantes conheçam o perigo iminente de uma possível erupção, a rotina fez com que quase esquecessem sua existência, limitando-se a enviar vigias ocasionais ao mirante no alto da montanha. O conflito central emerge quando Burg, a nova vigia, encontra Turk, um homem misterioso que vive isolado no alto da montanha, gerando uma série de dilemas éticos e morais que funcionam como espelho de uma sociedade caminhando para sua própria autodestruição.
A atriz Diana Adada Padilha, que estreia com a sua primeira dramaturgia voltada para o público adulto, comenta sobre a criação. “Já era uma ideia que nutria há algum tempo. O texto é uma metáfora do tempo histórico em que vivemos, com a crise climática e as crises políticas que detonam guerras intermináveis pelo mundo, mas também da própria condição humana enquanto ser social”, diz Diana.
“O Vigia” propõe uma profunda reflexão sobre as condições humanas de sobrevivência, explorando temas universais como solidão, morte, medo e esperança. A peça questiona como lidamos com ameaças conhecidas, mas distantes, e de que forma a indiferença coletiva pode nos levar ao colapso.
“A peça mergulha em um universo onírico através de uma narrativa cômica inspirada na estética do Teatro do Absurdo, proporcionando questionamentos acerca das questões climáticas que assolam o planeta e ceifam vidas em decorrência da inoperância e descaso de governos e pessoas que seguem sua vida cotidiana alheios às evidências catastróficas.”, explica a diretora Sulanger Bavaresco.
O espetáculo marca um momento de renovação estética para o grupo florianopolitano, que investiu na investigação de novas linguagens teatrais através de parcerias artísticas. A paisagem sonora foi construída pelo pianista, compositor e sintesista Diogo de Haro, criando uma atmosfera única que potencializa a tensão dramática da narrativa.
“Na trilha de ‘O Vigia’ procurei inventar a música de uma natureza ainda não conhecida, criando sons que soassem familiares sem nunca terem sido ouvidos. Imaginei o rumor de um vulcão que não é o vulcão que conhecemos, mas outro, cheio de mistério e assombro, capaz de nos fazer questionar o que chamamos de natureza.”, expõe Diogo de Haro.
Luiza Faé Mantovani, que atua como assistente de direção e preparadora vocal, comenta sobre o processo de construção dos personagens: “O trabalho de preparação vocal do espetáculo foi especial, pois os personagens precisam de cores e artifícios vocais distintos, considerando as características vocais de cada ator e atendendo as demandas de Turk, que possui uma voz mais escura e profunda e de Burg, com sua voz mais direta e firme.”
A presença de Antônio Cunha como artista convidado representa um importante intercâmbio entre grupos da cena teatral catarinense, enriquecendo o trabalho com sua experiência no Grupo Armação e estabelecendo um diálogo criativo com Diana Adada Padilha em cena.
“Este meu retorno ao palco é uma entrega e como sempre uma dádiva. É também um prazer encarar uma dramaturgia inédita e potente de Diana Adada Padilha e a direção segura e cuidadosa de Sulanger Bavaresco.”, declara Cunha.
“O Vigia” consolida o comprometimento do Grupo O Dromedário Loquaz com a pesquisa teatral contemporânea, oferecendo ao público de Florianópolis uma obra que conjuga rigor artístico e relevância temática.
Sinopse
Niréa é uma ilha que tem como vizinho um enorme vulcão, adormecido há centenas de anos. Todos sabem o perigo que sua erupção representaria para a cidade, provavelmente a completa extinção de seus habitantes. Mas a verdade é que o vulcão está adormecido há tanto tempo que os cidadãos quase nem se lembram de sua existência. Apenas enviam um vigia de tempos em tempos ao mirante que fica no alto da mais alta montanha da cidade.
SOBRE O GRUPO:
O Grupo de Teatro O Dromedário Loquaz, de Florianópolis, completa 44 anos em 2025 e entre seus fundadores estão o ator Ademir Rosa (1948-1997) e o diretor Isnard Azevedo (1950-1991). Atualmente, o grupo é formado por 20 integrantes entre técnicos, atores, músicos e cantores. Com mais de 40 espetáculos e ações cênicas em sua trajetória, o grupo reverencia seu passado e aposta no futuro, se reinventando com a participação de novos integrantes e parceiros artísticos, o que revela fôlego para continuar a existir e resistir ao acreditar em um mundo melhor através da experiência e vivência artística.
Serviço
O que: Espetáculo: O Vigia
Quando: 10, 11 e 12 de setembro às 20h, 14 de setembro (domingo) às 19h
Horário: 20h
Local: Teatro da Ubro
Ingressos: Disponíveis na plataforma Sympla https://linktr.ee/dromedarioloquaz
Classificação: 12 anos