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Joaquin Phoenix é o mais recente intérprete do personagem
Quem se aventura a dar vida a um dos vilões mais marcantes - e, sim, queridos - da enorme galeria do mal que habita o universo dos super-heróis sabe que terá desafios a encarar. E que esses desafios podem ser recompensadores nos quesitos fama e fortuna. O insano e histriônico Coringa é daqueles personagens que transitam entre o terror e a graça, entre a exuberância dos gestos e risos largos e a arrepiante sutileza de um olhar revelador de sua instável personalidade.
Ao longo de sua jornada na galeria da editora DC Comics, o Coringa surgiu como um criminoso violento que usava armas no primeiro gibi do Batman, em 1940. E ganhou ares psicologicamente mais complexos na figura atormentada que marcou época nos anos 1980, ilustrando as cultuadas HQs adultas A Piada Mortal e Asilo Arkham.
Se Cesar Romero encarnou o espírito do palhaço fanfarrão na clássica série Batman, nos anos 1960 - e esse era o espírito da série que ganhou um longa-metragem nos cinemas -, Jack Nicholson deu prestígio e estofo ao seu Coringa em Batman (1989). Heath Ledger ganhou um Oscar representando um maluco engenhoso que visa nada além de semear o caos em Gotham City, em Batman - O Cavaleiro das Trevas (2008), elevando o criminoso coadjuvante a um novo patamar artístico. Até Joaquin Phoenix mostrar o grande ator que é em Coringa, que já pode ser visto nos cinemas brasileiros.
Da caracterização física consagrada no imaginário dos fãs - maquiagem branca, cabelos verdes, sorriso realçado com batom vermelho, terno roxo - o Coringa ressurge diferente a cada visão de roteiristas, diretores e atores. Veja as encarnações do Palhaço do Crime no cinema.
Já um veterano ator com trajetória em papéis secundários em Hollywood, Romero se recusou a raspar o bigode para viver o Coringa bufão do divertido e psicodélico seriado de TV produzido entre 1966 e 1968 - a pesada maquiagem ajudava a disfarçar o insólito adereço. Esse Coringa estava sempre às voltas com planos mirabolantes, bolava bizarras armadilhas para dar cabo de Batman e Robin, mas sempre se dava mal. Romero encarnou o vilão também no cinema, na adaptação da série lançada em 1966.
Grande e consagrado astro do cinema, Nicholson, na época em que filmes de super-heróis eram um tiro no escuro, optou por atrelar seu cachê em Batman (1989) a um percentual da bilheteria - e se deu muito bem, faturando milhões de dólares com o sucesso do longa de Tim Burton. Na trama, Coringa assassina os pais de Bruce Wayne quando ele era criança, levando-o a fazer uma promessa de combater o crime, e mais tarde tornando-se o Homem-Morcego. Há quem aponte, com razão, que o personagem também pode ser visto como o Coringa interpretando Nicholson.
O Oscar póstumo de Melhor Ator Coadjuvante fez justiça à assombrosa performance de Ledger, que morreu em janeiro de 2008, em decorrência de uma overdose acidental de medicamentos. Batman - O Cavaleiro das Trevas, de Christopher Nolan, foi lançado meses depois, com calorosa recepção da crítica e do público.
Em Esquadrão Suicida (2016), diante da responsabilidade de apresentar um novo Coringa, o diretor David Ayer contou com um vilão repaginado. O corpo tatuado e os dentes metalizados do personagem renderam boas imagens de divulgação, mas o filme não ajudou o Coringa de Jared Leto a dizer a que veio no time dos supervilões.
*por GaúchaZH