Björk fala sobre "Vulnicura", seu álbum mais pessoal até agora

20.01.2020 | 16h45 - Atualizada em: 21.01.2020 | 11h45
Por Lívia Fernandes
Estagiária
Björk

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Mundo Itapema

A cantora conta sobre como este álbum a fez se reencontrar como mulher e feminista

Vulnicura, álbum lançado por Björk em 2015 pela gravadora One Little Indian Records, foi um álbum bastante comentado por suas particularidades que marcaram um momento muito importante na vida da artista. Björk sempre foi bastante atuante na música. Começou a trabalhar nos anos 1990, e seu último álbum lançado foi em outubro do ano passado. 

Nesta semana, o site Pitchfork resgatou uma entrevista em que Björk conta sobre como foi o processo de criação do álbum Vulnicura e fala sobre a dificuldade de escrever e compor sobre algo tão pessoal quanto o fim do seu relacionamento e sua relação com a sua família. Nas músicas delicadas que compõem o álbum, a cantora expressa detalhadamente cada parte da construção e dissolução do seu casamento. Um antes e depois que conta a história da sua família, mas principalmente, fala da força que a cantora encontrou para voltar a ser a mulher e feminista que estava adormecida dentro dela todo esse tempo. 

As músicas que compõem o álbum também compõem a sua vida pessoal, por isso Björk diz ter sido tão difícil, para ela, ouvir algumas das músicas que ela mesma compôs. Segundo a cantora, as letras foram muito fáceis de escrever no primeiro momento, mas ela demorou um bom tempo até conseguir encarar e aceitar as letras, para então começar a produzir as músicas. Para Björk, o assunto ainda é muito delicado, e talvez por isso o álbum seja tão importante para ela. 

Em seus álbuns anteriores, Björk fugiu das temáticas comuns e buscou tratar de assuntos pouco populares, como a tecnologia, o universo e a natureza. Já em Vulnicura, a cantora naturalmente escreveu sobre um assunto popular, mas muito delicado, pela primeira vez. Mas essa não foi a única novidade em relação a este álbum, pois também foi a primeira vez que a cantora se viu co-produzindo um álbum com Alejandro (também conhecido como Arca), um fã com quem pôde trocar muito conhecimento. Arca embarcou no projeto Vulnicura depois que as letras e arranjos já estavam prontos. Eles ficaram sentados, lado a lado, por algumas semanas e fizeram o álbum inteiro. Foi o trabalho mais rápido que a cantora já fez.  

Foto: Divulgação

Na entrevista, a cantora e compositora também fala sobre como lidou, durante a sua vida, com o lado machista da música e como fez para crescer neste cenário hostil à mulher. Seu objetivo agora é ajudar mulheres, na casa dos 20 anos, a se posicionarem em relação ao machismo e não deixarem que isso as derrube. "Eu vou ser muito metódica agora!”, afirma Björk. “Um: eu aprendi que o que muitas mulheres têm a fazer é fazer os caras da sala pensarem que a ideia é deles, e então você os faz voltar atrás. Dois: faço 80% do processo de escrita dos meus álbuns por conta própria. Eu escrevo as melodias. Estou perto do computador. Eu edito muito. Isso para mim é muito solitário. Não quero ser fotografada quando estiver fazendo isso. Eu não convido pessoas por perto. Os 20% restantes do processo do álbum, quando trago as orquestras de cordas, os extras, estão mais documentados. Esse é o lado que as pessoas veem”, ela conta. Em seguida ela dá um conselho para as mulheres em geral, mas principalmente as inseridas no mundo da música, para sempre registrarem e fotografarem todos os processos do seu trabalho, para que ninguém possa dizer que elas não o fizeram. 

“Se o que estou lhe dizendo agora ajuda as mulheres, estou disposta a dizê-lo.”, diz a cantora. “Por exemplo, eu fiz 80% das batidas no Vespertine e levei três anos para trabalhar nesse álbum, porque eram todas microbeats - era como fazer um grande bordado. Matmos [M. C. Schmidt e Drew Daniel] veio nas últimas duas semanas e adicionou percussão no topo das músicas, mas eles não fizeram nenhuma das partes principais e são creditados em todos os lugares como tendo feito o álbum inteiro. Drew é um grande amigo meu e, em todas as entrevistas que ele deu, ele corrigiu. E eles nem sequer o ouvem. É realmente estranho” 

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