BLOG
'Hunters' mostra grupo violento que parte em busca de seguidores de Hitler escondidos nos EUA
No primeiro episódio de "Hunters", nova série da Amazon Prime Video, o caçador de nazistas vivido por Al Pacino explica como a Segunda Guerra continua a assombrar os Estados Unidos em 1977: "O passado se repete nos novos tempos, esperando sempre que o resultado seja diferente."
É a possibilidade do surgimento de um quarto Reich nos EUA que move a série de dez episódios criada pelo novato David Weil, que conta a história de especialistas em encontrar ex-membros do exército de Hitler morando no país. Alguns escondidos, outros protegidos pelo próprio governo americano, que utilizou cientistas germânicos para ganhar vantagem na Guerra Fria.
Apesar ser vendida como uma trama inspirada em eventos reais, "Hunters", que estreia nesta sexta-feira (21), toma liberdades criativas bem fantasiosas. Sim, após o fim da guerra, milhares de nazistas fugiram das tropas aliadas, a maioria vindo parar na América do Sul. Alguns foram tentar a sorte nos EUA. Mas nunca houve um grupo de pessoas investigando e caçando violentamente nazistas.
"Faz parte da criação, quase como um desejo nunca realizado de terem existido caçadores secretos eliminando esses nazistas", diz Weil. "Havia grupos reais caçando essas pessoas, mas eles agiam nos tribunais e utilizavam processos legais."
Mas a série oferece um ritmo de ação hollywoodiano, numa pegada de história em quadrinhos. Jonah Heidelbaum (Logan Lerman) é um órfão judeu que conversa com os amigos sobre "Star Wars" e trabalha em uma loja de gibis. Depois de ver a avó ser assassinada, ele se envolve com o milionário personagem de Al Pacino e entra para o time de caçadores.
"Hunters" foi concebida pelo roteirista há cinco anos como uma homenagem à sua avó, uma sobrevivente de Auschwitz. As lembranças da infância se transformaram em um encontro inusitado entre a Marvel e os dramas pesados de guerra.
"Ela me contava histórias sobre seu tempo na guerra. Um garoto de seis anos ouvindo esses relatos era como se estivesse escutando algo retirado de uma HQ de super-heróis", disse o criador em um evento para a crítica americana. "Senti que era minha responsabilidade continuar a história dela. Muitos sobreviventes do Holocausto não estão mais entre nós, e a comunidade fica menor com o passar dos anos."
Essa mistura de gêneros foi uma das razões para Al Pacino topar seu primeiro grande papel em uma série de televisão -ele já havia participado de uma minissérie, "Anjos na América", em 2003. "Há uma espécie de originalidade neste programa que é excêntrica", diz o ator. "Há elementos que te pegam de surpresa, piadas fora de hora e uma amplitude que exige as dez horas da série."
Claro que "Hunters" também é uma resposta à ascensão do neonazismo na atualidade. Durante os episódios, os personagens repetem frases de alerta como "apenas os mortos conhecem o fim da guerra" ou "os americanos estão ocupados demais achando que são seus próprios inimigos".
"Foi uma missão vestir essa capa de vigilante diante da ascensão do antissemitismo, do racismo e da xenofobia no mundo. É um desejo de iluminar crimes e verdades escondidas", diz Weil, que teve a preocupação de não transformar vilões reais em caricaturas.
"Não tentamos humanizar nazistas, mas acho que há um espectro de maldade que precisamos encarar. Alguns são extremos, outros possuíam diversas explicações para seus comportamentos, como 'estava apenas seguindo ordens'", afirma a produtora executiva Nikki Toscando. "Esses argumentos, claro, não cabem em 'Hunters'."