"My Name is Michael Holbrook" ajudou Mika a redescobrir sua paixão pela música

10.10.2019 | 16h05 - Atualizada em: 10.10.2019 | 16h03
Marina Martini Lopes
Por Marina Martini Lopes
Editora
Mika volta às suas raízes em seu novo álbum

BLOG

Mundo Itapema

O artista lançou seu novo álbum, o quinto da carreira, na última semana

Mika volta às suas raízes em seu novo álbum, algo que fica bem claro no título do disco: My Name is Michael Holbrook, que saiu na última sexta-feira (4), carrega o verdadeiro nome do artista, Michael Holbrook Penniman Jr., mundialmente conhecido pelo nome artístico desde 2007, quando estourou com o hit Grace Kelly - que ajudou o disco de estreia do músico, Life In Cartoon Motion, a virar multiplatina em diversos países. De lá para cá, o cantor, compositor e pianista já lançou mais três registros: The Boy Who Knew Too Much, de 2009 (que apresentou o sucesso We Are Golden); The Origin of Love, de 2012 (que trazia uma parceria com Pharrell Williams em Celebrate); e No Place in Heaven, de 2015 (puxado pelo single Good Guys).

Em uma nova entrevista à revista Rolling Stone norte-americana, Mika admite que, em algum lugar no meio do caminho "se desapaixonou" do processo de fazer música - o que o levou a passar boa parte dos últimos anos como jurado no The Voice da França e da Itália, em vez de se dedicar a criar, ele próprio, novas composições. Para recuperar essa paixão perdida, o artista construiu um estúdio em sua casa em Miami (uma residência dos anos 1920 que, segundo ele, levou seis anos para ser restaurada - e consumiu um bocado de dinheiro) e reuniu todo um novo time de produção, com o qual passou dois anos trabalhando para criar My Name is Michael Holbrook.

Capa de "My Name is Michael Holbrook", novo disco de MikaFoto: Divulgação

Na entrevista, Mika foi perguntado, de brincadeira, a respeito do que aconteceu com "o garoto que sabia demais", referência ao título de seu segundo álbum, se agora seu nome é Michael Holbrook - e respondeu: "Eu acho que ele está aqui, mais do que estava antes. [Esse disco] é sobre se reconectar com ele, comigo, com Mika. Me redescobrir, e esquecer a respeito do trabalho em si: de experiências estranhas na TV a surpresas comerciais, a turnês, a fracassos e sucessos. Voltar a esse cara de 18 anos de idade sentado em frente a um piano, compondo canções, pensando em cores e metáforas, tentando escrever sobre isso. Meu nome é Michael Holbrook, mas eu sou o Mika." O músico diz que queria criar um trabalho que fosse "quente e cheio de cor", e, por isso, se inspirou principalmente nos anos 1980 e 1990 - não por acaso, as décadas de sua infância e juventude.

Mika diz que, para "se provocar e descobrir novas coisas a respeito de si mesmo", dirigiu de Miami até Savannah, na Georgia, para visitar o cemitério Bonaventure, onde estão enterrados vários "Adams" e "Pennimans", mesmos sobrenomes dos ancestrais do artista (que nasceu em Beirut, no Líbano, foi criado em Paris, e começou sua carreira musical em Londres). "Eu não sei quantos de meus ancestrais estariam felizes em me ver", ele reflete. "Meio libanês, homossexual, poliglota, liberal. Foi curioso ver que parte de mim é um imigrante, enquanto outra parte de mim tem raízes entranhadas nessa história tão complexa que é a história norte-americana. Eu comecei a pensar 'Você acha que sabe quem é, garoto, mas na verdade você não sabe de nada'."

O primeiro single do novo disco foi Ice Cream - uma metáfora interessante entre calor, sensualidade e a crise do aquecimento global. "É um contraste que eu estou tentando colocar em todas as minhas músicas", Mika afirma. "Quando eu era jovem, o calor do verão era sempre uma coisa gloriosa. Agora, ele começou a se tornar uma coisa que nós tememos. Eu queria falar dessa mistura de prazer, sensualidade, e então, embaixo disso, de uma escuridão estranha que causa um desconforto, um sentimento de desastre iminente. Eu gosto de escrever dance pop com algo construído lá dentro - não esse monte de falta de sentido que existe no dance pop norte-americano."

Quando perguntado a respeito de enfrentar a homofobia no meio artístico, o músico diz que acha que as coisas estão melhorando - aos poucos. "Eu me lembro que, quando estava começando, um dos diretores de uma gravadora não quis assinar comigo porque, nas palavras dele, eu era 'gay demais'", conta. "Você acha que hoje em dia alguém poderia recusar assinar com alguém com esse argumento, de que é 'gay demais'? Os tempos mudaram, graças a Deus."

Sobre seus planos futuros, Mika diz: "Eu amaria criar um sonho, como um show, mas um tipo diferente de show, em que o público pudesse entrar. Você compraria um ingresso para uma exibição, mas a exibição é uma jornada - uma experiência de arte, design, sensorial e auditiva, em que você entra e da qual participa. Arte imersiva. Eu quero ilustrar as coisas que eu vejo na minha cabeça, com as quais eu sonho. Quero construí-las e contar uma história por meio delas. Esse é meu próximo desejo."

Matérias Relacionadas