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"David Bowie Is It Any Wonder?" e "ChangesNowBowie" vão ganhar lançamento em formato digital
Dois novos álbuns de David Bowie serão lançados em 2020: um deles, um EP digital batizado David Bowie Is It Any Wonder?, vai contar com seis versões inéditas de músicas já conhecidas do público. Todas as canções serão divulgadas previamente, uma por semana, até a data do Record Store Day, em abril, quando o material será lançado na íntegra.
A outra novidade é ChangesNowBowie, uma sessão ao vivo gravada em 1996 durante os ensaios para o show de aniversário de 50 anos do músico no Madison Square Garden, em Nova York. O registro será divulgado no segundo semestre, ainda sem data exata confirmada - mas a primeira faixa, The Man Who Sold The World, estreou nesta quarta-feira (08) para marcar o que seria o aniversário de 73 anos do artista. Os dois EPs saem via Parlophone Records.
Segundo uma matéria do site The Guardian, os lançamentos musicais póstumos - que por muitos anos foram vistos com desconfiança, como maneiras fáceis e quase covardes de continuar gerando dinheiro em cima da obra de artistas já falecidos - têm se tornado, cada vez mais, trabalhos assinados por produtores apaixonados, que genuinamente desejam levar o trabalho de seus músicos favoritos a novas audiências.
Um exemplo é o executivo Steve Knutson, que usou seu próprio dinheiro para criar um selo, o Audika Records, e, a partir dele, divulgar a música do artista cult Arthur Russell, pouquíssimo conhecido fora da cena underground de Nova York - o próprio Bowie, aliás, se dizia fã de Russell. "Eu fiz isso por motivos bastantes egoístas", disse Knuston ao Guardian. "Eu precisava ouvir as músicas dele, e a única maneira de fazer isso era se eu mesmo as disponibilizasse no mercado." De 2004 a 2019, a Audika Records já lançou quinze álbuns do artista.
Josh Cheon, fundador da gravadora Dark Entries, de San Francisco, teve uma experiência parecida com o produtor disco Patrick Cowley, que morreu em 1982: há anos ele se dedica a procurar, organizar e lançar as obras do músico. "Nós somos os guardiões das músicas dessas pessoas", comenta Cheon. "Nós estamos encarregados de decidir quais delas o mundo vai ou não ouvir."
Mas é claro que, no caso de artistas mais conhecidos, o lançamento de trabalhos póstumos é sim um negócio lucrativo: desde os anos 1960, ícones como Jimi Hendrix, John Lennon, Janis Joplin e Notorious BIG já chegaram ao topo das paradas com obras lançadas depois de sua morte - Otis Redding foi o primeiro, com Dock of the Bay. As vendas de álbuns do próprio Bowie aumentaram mais de 5,000% nos Estados Unidos depois de sua morte, em 2016, segundo dados da Nielsen Music; e o Spotify já publicou que os streams de faixas do músico subiram 2,700% nas primeiras horas após seu falecimento.