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De origem ugandesa, o cantor e compositor batizou o novo trabalho com seu próprio sobrenome
Michael Kiwanuka conseguiu se estabelecer como um dos principais cantores e compositores britânicos de sua geração com apenas dois álbuns, Home Again e Love & Hate, lançados, respectivamente, em 2012 e 2016 - o artista de folk/indie rock já foi indicado a prêmios no Brit Awards, MTV Europe Music Awards, Mercury Prize e BBC Music Awards, tendo vencido alguns. Nos últimos três anos, sua popularidade cresceu ainda mais; puxada pela série Big Little Lies, da HBO, que adotou Cold Little Heart, de Love & Hate, como música-tema. No último dia 1º de novembro, Kiwanuka lançou seu terceiro trabalho de estúdio, batizado com seu próprio sobrenome; e não desapontou: precedido pelos singles You Ain't The Problem, Hero e Piano Joint (This Kind of Love), o registro vem sendo elogiado tanto pela crítica quanto pelos fãs.
Kiwanuka, o álbum, foi produzido por uma dupla de peso: Danger Mouse e Inflo; que ajudaram Kiwanuka a expandir seu horizonte musical, adicionando soul, rock clássico e um pouco de psicodelia à sonoridade já conhecida pelo público. Há influências que vão de Marvin Gaye a Rolling Stones. Em entrevistas, o músico já afirmou que planejou o disco como uma obra contemplativa, pensado para ser ouvido de uma vez só - uma raridade em tempos de streaming e de playlists do Spotify; e, segundo o cantor e compositor, "uma reação contra este mundo acelerado, guiado por máquinas."
As letras falam de sabedoria, espiritualidade, e da batalha pessoal de Kiwanuka contra a ansiedade; tudo isso sem deixar de tratar das questões do racismo e da polêmica mundial da imigração - o artista é filho de pais refugiados de Uganda; e, na primeira faixa do trabalho, You Ain't The Problem, já se posiciona: "Se você não pertence a algum lugar, o problema não é você." Já no single Hero, ele compara o assassinato de Fred Hampton, líder do Panteras Negras nos anos 1960, com os recentes casos de violência policial nos Estados Unidos: "Está nos jornais de novo: acho que eles mataram mais um." Final Days é pessimista, ponderando a respeito de um possível apocalipse nuclear. Mas também há momentos mais leves, como em I've Been Dazed e Light, esta a última da tracklist.
Em entrevista recente, Kiwanuka disse que só decidiu nomear um álbum com seu próprio sobrenome agora, sete anos depois de sua estreia no universo da música, por finalmente se sentir livre da associação com a classe média londrina - e mais próximo da cultura de seus ancestrais, que marca fortemente o disco. "Antes eu só queria me encaixar em algum lugar", afirmou. "Agora tudo mudou para mim."