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Quando um título de 2003 custa mais do que um de 2021
Continuando nossa conversa sobre a disponibilidade de jogos antigos em videogames mais modernos, um outro ótimo motivo para dar acesso mais fácil para os jogadores aos games do passado é que os títulos originais têm ficado bem caros.
Vou dar um exemplo recente. Eu e um amigo jogamos Assassin’s Creed Odyssey ao mesmo tempo, cada um na sua casa nesta pandemia, e queríamos repetir a experiência de estar com o mesmo game e trocar dicas. Escolhemos como nosso próximo título o Beyond Good & Evil.
Eu lembro que este jogo tinha saído no Nintendo Gamecube e como eu adoro o controle dele e o Wii roda discos deste videogame, fui pesquisar para comprar o título original usado. Só que o preço era de R$ 448. É isso mesmo, caro leitor. Sabe quanto eu paguei, no fim? R$ 6 em uma promoção na loja do Xbox, já que existe uma versão HD deste jogo lançada para o Xbox 360. Uma diferença de R$ 442. Apenas.
Nem todos os games têm versões modernas, porém. Há anos estou atrás do Metal Gear Solid: The Twin Snakes, também do Gamecube, que é um remake do clássico do Playstation, mas é difícil de achar e sempre caro. Outro jogo interessante do videogame de 128-bit da Nintendo é o Eternal Darkness: Sanity’s Requiem, uma pérola para quem gosta de terror de sobrevivência. Eu não curto o gênero, mas esse game era tão único e esquisito na época que me lembro dele até hoje.
Outra lembrança que tenho é de ter visto o disco para vender numa loja de games de um shopping. Estava R$ 120 na época, nos tempos do Wii, e eu achei caro e não comprei. Agora, é difícil achar a versão norte-americana ou europeia completa, com caixa, por menos de R$ 400. A japonesa já vi por R$ 200. Mas não sei ler em japonês, infelizmente, e meu Wii é norte-americano, então não adianta para mim.
Dei exemplos do Gamecube, que é uma geração da qual gosto muito e não tive tempo para aproveitar na época, já que estava estudando para o vestibular. Preços assim impedem que os jogadores revisitem um título do qual gostaram e que outros, principalmente os mais jovens, conheçam um game antigo. Em um cenário assim, só quem tem grana sobrando pode aproveitar vários jogos do Gamecube e tantos outros consoles antigos.
Novamente voltamos ao ponto de que as empresas não veem os videogames como arte, ou mesmo uma forma de entretenimento que mereça ser preservada e aproveitada por meios legais. Eu retorno também ao fator de que nem sempre é fácil trazer um título antigo para uma plataforma moderna sem antes verificar a questão dos direitos autorais.
Mesmo assim, eu ficaria bem feliz se as empresas se preocupassem mais com isso. E nem precisa fazer uma versão HD, como a Ubisoft fez com Beyond Good & Evil, pode lançar a versão original. Tinham muitos títulos assim na loja do Playstation 3, que vai ser fechada agora em julho e motivou toda essa nossa conversa.
Vejam outro exemplo bem simples do Gamecube, o Paper Mario: The Thousand-Year Door. Em uma pesquisa rápida aqui, encontrei uma única pessoa vendendo esse jogo, por R$ 999. Gente, que game vale quase R$ 1 mil? Este título é da própria Nintendo, então a situação dos direitos autorais não deve ser tão complicada. Por que não vender este jogo digitalmente na loja do Switch?
Lançar games antigos em plataformas modernas dá uma alternativa para quem não quer e não pode comprar um caríssimo disco ou cartucho original da época, evita que as pessoas recorram à pirataria e dá a um jogador mais jovem a chance de conhecer um título do passado e que contribuiu para que o hobby dos games seja o que ele é hoje. E pode, ainda, render uma graninha extra e inesperada para a empresa. Só vejo vantagens!