Pensando sobre Games: O sábado de manhã

29.10.2020 | 11h00
Por Joana Caldas
Repórter do G1/SC e editora do blog Pensando Sobre Games
God of War

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Quando a gente tinha tempo para jogar videogames!

Para mim, o sábado de manhã sempre foi sinônimo de videogame. Era quando você acordava feliz ainda criança para jogar o game do Mega Drive que você alugou na locadora na sexta. Quando você pegava a revista Ação Games para ver aquele código para assistir a todos os fatalities do Mortal Kombat.

Quando você podia jogar com a casa silenciosa aquela fase difícil do Turok 2 do Nintendo 64. Ou ler o guia do seu game de luta favorito e testar todos os golpes de todos os lutadores para descobrir com qual você joga melhor.

Mas depois o sábado de manhã foi sumindo. Virou dia de ir no cursinho estudar. Virou dia de fazer tarefa da universidade. Já virou até dia de trabalho.

Você criança imaginava que, mais velho, em vez de ir para escola você iria só trabalhar. E teria dinheiro (para mais jogos!). E daí ficaria jogando enquanto não estivesse no trabalho. Porém outras coisas surgem. Tem que fazer um exercício físico. Tem que pagar conta. Tem que ir no médico. Tem sempre alguma coisa entre você e o seu videogame. Também no sábado de manhã.

Esses dias eu resolvi fazer um resgate desse tempo. Eu comprei o Doom 3 do PS3 por causa da falação inicial que ocorreu com os ports do Doom original e Doom II para Switch, Xbox One e PS4. Diziam que o port do PS3 era um dos melhores para consoles, por isso comprei esse. E ficou lá na prateleira.

E nesse sábado de manhã eu resolvi trazer a hora do videogame de volta. Instalei de novo o PS3 (tem que botar cabo de força, cabo HDMI, transformador, zzzzz, quanto trabalho) e botei o Doom para rodar.

Arquivo pessoal

Até mais divertido do que o jogo foi a sensação de ter o sábado de manhã de volta. Foi o jogar com a casa silenciosa (já não a mesma casa da infância), de ter um tempo infinito, nenhum compromisso pela frente, só o videogame. Não era bem assim. O tempo é finito e eu tinha algo para fazer à tarde. Mas a sensação estava lá.

Deu tempo de chegar até o final do Doom original, depois de muito se perder pelos corredores e passagens secretas, de jogar Doom II até enjoar, de tentar o Doom 3 e não aguentar levar tanto susto, de trocar para o Tokyo Jungle, que tinha comprado anos atrás em uma promoção da PSN por um dólar, mas nunca jogado muito, e para me apaixonar de novo por God of War (mais sobre isso em outro texto).

No domingo, o compromisso que eu tinha foi cancelado e aí o dia foi de passear com o Kratos pela Grécia Antiga. A sensação, de novo, estava lá. De poder jogar o dia inteiro, de poder se perder dentro da história do game.

Nem sempre dá para fazer isso. Dependendo do seu trabalho, da sua rotina, da sua família, vai ser raro. Mas é muito bom conseguir um tempo para se dedicar ao seu game sem preocupação. Qual é o seu sábado de manhã?

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