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É frustrante não haver uma forma legal de acessar games de décadas passadas
Confesso que levei um minissusto quando recebi o email e li que a Sony ia descontinuar as lojas digitais do Playstation 3 e dos portáteis PSP e PS Vita. Não que isso seja uma prática excêntrica. Lojas de videogames antigos fecham mesmo. A do Wii, por exemplo, console da mesma geração que o PS3, fechou em janeiro de 2019. O que pega mesmo no caso desses videogames da Sony é que agora vai ficar mais difícil ainda jogar clássicos do PS1.
As lojas digitais do PS3 e PSP vão fechar em 2 de julho e a do PS Vita, em 27 de agosto. Depois dessas datas, a única forma legal de acessar jogos do PS1 vai ser no videogame original ou no Playstation Classic, aquele mini console lançado no final de 2018 com 20 títulos no ocidente. Isso porque não existem games do PS1 para comprar nas lojas do PS4 e PS5.
Não sei exatamente o porquê disso, mas muitas empresas de jogos eletrônicos dificultam o acesso dos jogadores a títulos antigos. É só pensar na Konami, Sega e Capcom, por exemplo, que possuem games que até hoje são exclusivos dos fliperamas. E a Sega ainda tem muitos jogos do Saturno e Dreamcast que só estão disponíveis nesses videogames, que já pararam de ser fabricados há 20 anos.
A Nintendo até oferece títulos de Nintendo 8-bit e Super Nintendo no seu serviço de assinatura online, mas está faltando apoio para outros videogames. A loja do Wii U, por sua vez, tem muito mais games, e engloba Gameboy Advance, DS, Nintendo 64, Wii e até o TurboGrafx-16. Porém, onde estão os títulos de Gamecube?
Você pode estar se perguntando: e daí? Quem vai comprar um PS5 para jogar games de PS1? Você tem razão de pensar isso, caro leitor. Porém, se a gente considerar os videogames como uma arte, como uma forma de narrativa, de viver aventuras, não muito diferente de um livro, filme ou série, estamos perdendo muito, não é mesmo?
Ninguém acha que livros ou filmes antigos devem sumir da face da Terra. E defendo que videogames também não deveriam ficar presos a consoles e fliperamas aos quais não temos mais acesso! Um jogo bom é um jogo bom, independente de quando foi feito. E só com acesso a títulos mais velhos poderemos ver a evolução do nosso querido hobby.
É claro que existem muitas complicações em tornar um game antigo disponível nos consoles atuais ou computadores de forma legal. Além da qualidade da emulação, para que os jogos rodem como nas máquinas originais, também tem a parte da licença para um personagem ou música do game, por exemplo, ou como fica o pagamento para os desenvolvedores e a empresa que publicou o título na época e a que vai torná-lo disponível agora.
Eu, como jogadora, não entendo muito dessa parte dos direitos autorais. O que a gente compreende mesmo é como é triste saber que foi feito uma remake do clássico Goldeneye 007, do Nintendo 64, para o serviço Live Arcade, do Xbox 360, e que nunca foi lançado, mesmo depois de pronto. E só sabemos disso porque um usuário do Youtube mostrou o game do espião James Bond rodando. Quem sabe depois da comoção que ocorreu com esse vazamento, o pessoal que tem a licença do título (e parece que são mais de 10 empresas!) resolva fazer um acordo para ele ficar disponível para os jogadores de forma legal.
Já estou me estendendo muito e provavelmente este assunto pode continuar em um próximo texto. Eu costumava brincar com meu amigo que o PS4 eu vou vender, mas o PS3 ficaria comigo para sempre, por ser minha máquina retrô. Tenho dois jogos que são da geração mesmo. O resto é coleção de Doom antigo, games do Mega Drive e PS2, títulos do PS1, Sonic CD e Mortal Kombat Arcade Kollection. Agora o apelo do PS3 para mim diminuiu bastante.
Sony, que tal aumentar sua capacidade de competir com o Xbox, o videogame que tem melhor resolvida a questão da retrocompatibilidade, colocando games de PS1 na loja do PS4 e PS5?