Pensando Sobre Games: práticas anticonsumidor

16.09.2021 | 11h00
Por Joana Caldas
Repórter do G1/SC e editora do blog Pensando Sobre Games
Horizon Forbidden West

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A lambança na pré-venda do "Horizon Forbidden West" e outros causos

Deu o que falar a bizarra pré-venda do exclusivo do Playstation Horizon Forbidden West. No exterior, você podia comprar a versão do PS4 por U$ 60, ou a do PS5 por U$ 70 (o que por si só já é polêmico). Como tá difícil de encontrar o videogame mais novo e a maioria dos jogadores segue na geração anterior, muita gente ainda teria que jogar o game no PS4 para ter o título no lançamento. Só que aí o gamer precisaria comprar o jogo de novo caso quisesse a versão do PS5, para aproveitar os gráficos melhores e funções do controle Dualsense.

Sony Interactive Entertainment/Divulgação

A alternativa que a Sony deu foi o jogador comprar um pacote digital com as versões do PS4 e PS5 por U$ 80. Talvez, para você, isso não pareça tão absurdo. Porém, a concorrência está vendendo o exclusivo Forza Horizon 5 por U$ 60. Você compra e tem a versão do Xbox One, Xbox Séries S e X e PC, sem custo adicional.

Houve muita reclamação. Desta vez, os jogadores saíram ganhando: a Sony voltou atrás e agora quem adquirir o Horizon Forbidden West no PS4 terá a versão do PS5 de graça. Porém, já avisou que vai cobrar U$ 10 para passar do PS4 para o PS5 nos jogos God of War Ragnarok e Gran Turismo 7.

Fico pensando se vale a pena a dor de cabeça para consertar toda essa lambança. A impressão que fica é que essas empresas, que já estão vendendo horrores, vão tentar um lucro fácil de qualquer jeito, caso os jogadores aceitem. Aliás, já viu o preço do Horizon Forbidden West no Brasil? R$ 299,90 a versão do PS4 e R$ 349,90 a do PS5. Vixe. Enquanto isso, a versão básica do Forza Horizon 5 sai por R$ 249.

Para você não achar que estou implicando só com uma empresa, vamos para a minha favorita, a Nintendo. No ano passado, ela anunciou uma coleção muito legal, de jogos 3D antigos do Mario, com Super Mario 64, Super Mario Sunshine e Super Mario Galaxy. O preço? U$ 60. Para um jogo do Nintendo 64, outro de Gamecube e outro de Wii. Se dividir por três, dá U$ 20 cada um. Você pagaria U$ 20 por Super Mario 64? Ele custa U$ 9,99 na loja do Wii U.

Nintendo/Divulgação

Eu particularmente acho que esta coleção, chamada de Super Mario 3D All-Stars, deveria valer uns U$ 40. Se a Nintendo quisesse cobrar caro, poderia até ser U$ 45. Mas ela não parou por aí: o jogo saiu em 18 de setembro de 2020 e só foi vendido oficialmente até março deste ano, mesmo a edição digital. Ou seja, se você for na loja virtual da Nintendo agora, não tem mais para comprar.

Desta vez, os jogadores deram sinal verde e a coleção vendeu 9 milhões de cópias em seis meses. Eu achei o game caro e supertosca a decisão de tirá-lo até da loja virtual, criando uma demanda artificial na janela em que ele foi vendido. Não comprei e matei as saudades do Super Mario 64 jogando a versão digital dele no Wii mesmo.

Não pense que a Microsoft não se aproveita também. Ela está sendo toda fofa e pró-consumidor ultimamente, principalmente em contraste com as práticas da Sony e Nintendo. Mas lembre-se de que foi ela quem queria um Xbox One sempre ligado na internet, além de querer dificultar que você emprestasse o seu jogo em disco para um amigo.

Este texto era para dizer que fico chocada com essas formas toscas que as empresas fazem de ganhar um lucro fácil. Quem faz um game e console legais sempre vende, sem precisar arrancar U$ 10 dos jogadores que não conseguiram comprar um videogame novo, que é caro e está sempre em falta. Não seja você o gamer que tem peninha de corporações multimilionárias, quando os estúdios independentes, que precisam muito mais do seu dinheiro, fazem promoções bacanas. Se a gente aceitar que as empresas nos cobrem esses preços, elas vão cobrar, sem pensar duas vezes.

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