Quarteto lança disco com faixas inéditas da obra de Baden Powell

30.09.2020 | 11h12
Folhapress
Por Folhapress
Baden Powell morreu há 20 anos

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O álbum "Baden Inédito" já está disponível em todas as plataformas de streaming, CD e em vinil

O Ludere, quarteto formado pelo pianista e tecladista Philippe Baden Powell (filho do violonista e compositor Baden Powell), Rubinho Antunes (trompete e flugelhorn), Bruno Barbosa (contrabaixo acústico e elétrico) e Daniel de Paula (bateria e percussão), lança um álbum com músicas nunca registradas de Baden Powell depois de 20 anos da morte do compositor.

O disco "Baden Inédito" está disponível em todas as plataformas de streaming, CD e em vinilDivulgação

O disco Baden Inédito - disponível em todas as plataformas de streaming, CD e em vinil - conta com participações especiais das cantoras Vanessa Moreno e Fabiana Cozza, além dos instrumentistas Thiago Carreri (violão e guitarra) e Gabriel Grossi (harmônica). São nove faixas, nas quais foram registrados sete temas instrumentais inéditos, além de mais duas canções de Baden Powell em parceria com novos compositores.

"O Ludere sempre teve muita afinidade com a música de meu pai", diz o músico Philippe Baden Powell, que há 15 anos mora em Paris, onde nasceu. "Nos shows já apresentávamos, além de nossas composições, releituras de músicas dele, que são propícias para a linguagem musical que usamos, com improvisação, sofisticação harmônica e elementos polirrítmicos. Essa identificação com a obra de meu pai nos levou a realizar um trabalho inteiramente dedicado a ele."

Foi por meio de uma pesquisa em arquivos familiares que o pianista resgatou composições e fragmentos temáticos de Baden Powell nunca registrados, alguns anos após a morte do pai. "Começamos a juntar elementos do acervo dele. Tinha violões [gravados] em fitas cassete, discos e partituras. E nessas partituras havia trechos de músicas." Além das músicas gravadas no álbum, o pianista disse ter encontrado outras também inéditas. "Localizamos trechos de um lado da folha e outros do outro lado. Tivemos que garimpar, explorar e encontrar uma coerência nas composições. Ainda há muitas inéditas que ficaram de fora."

Questionado sobre qual foi o critério usado para selecionar as músicas que estão no novo álbum, o artista responde que "o principal era que a música tinha de ser inédita". O segundo critério, diz, foi o da estrutura. "Não queríamos um tema muito curto, pois se tivéssemos que desenvolver muito mais não seria uma composição dele." "Outro critério foi o caráter de cada música, como o Choro para Estudo, melodia fundamentalmente instrumental."

Já Vai Coração, conta, era uma melodia que poderia receber letra. "Queríamos dar uma roupagem contemporânea. Como filho, pensei 'onde estaria o Baden hoje, que música ele estaria fazendo e com que parceiros'? Ele gostava muito de artistas jovens e, portanto, achei que ter novos parceiros, como o Pretinho da Serrinha, daria essa contemporaneidade à sua música."

Ainda segundo ele, o processo de gravação foi longo e ocorreu quase inteiramente em confinamento. Como ele estava num outro fuso horário, o desafio foi ter de encontrar um horário que fosse bom para todos os integrantes. "Trompete, baixo e bateria foram gravados no Brasil, e eu com o piano daqui da França", diz o músico. "Eles imaginavam como eu tocaria. Quando recebi as faixas, ouvi muito para entrar no clima, em estúdios diferentes, sem o bate-bola comum das gravações."

O fato de os membros do quarteto se conhecerem muito bem acabou se provando favorável ao resultado. "Não soa como gravado separadamente. Há uma unidade sonora. Esse isolamento somente exigiu o melhor de cada um." Entre as músicas do disco, o pianista destaca Choro para Estudo, de Baden Powell. "É das composições a que mais gostei. Geralmente o choro pede violão, e o Baden tinha um jeito muito pessoal e exuberante de tocar choro. Na maioria das vezes, tocava os próprios choros sozinho e acrescentava variações com um forte caráter erudito."

Restituir a exuberância e a personalidade "violonística" dessa composição, com um arranjo e execução no qual o violão está ausente, foi um "desafio muito bem vencido". "O Gabriel [gaitista] é um músico 'casca grossa', que injetou forte energia nessa interpretação."

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