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Para quem não leu, resumimos aqui o que acontece nos quadrinhos e que serve como background do seriado
O segundo episódio de Watchmen, nova série da HBO, foi ao ar neste domingo (27): o drama é inspirado na HQ de mesmo nome, assinada por Alan Moore e Dave Gibbons e lançada em 1986; mas segue um caminho muito diferente, por exemplo, de Watchmen (2009), filme de Zack Snyder que contava a mesma história de uma maneira quase 100% fiel.
O seriado da HBO se passa 34 anos depois dos desdobramentos dos quadrinhos, e a maioria dos personagens é nova - embora os acontecimentos da HQ tenham certamente se passado no mesmo universo, inclusive sendo referenciados aqui e ali. O roteiro, porém, não fornece mais explicações ao público: os idealizadores partem do pressuposto de que quem está assistindo aos episódios já leu os quadrinhos (ou pelo menos tem o longa de 2009 como referência) - ou, então, de que a história original não é absolutamente indispensável para a compreensão do seriado.
Se você não leu a obra de Moore e Gibbons e nem viu o filme (ou não se lembra muito bem da história) e está curioso para entender melhor o background do universo Watchmen como pensado pela HBO, fique tranquilo: organizamos um guia com as principais informações que você precisa ter em mente para acompanhar os episódios.
No final da década, surgiram diversos vigilantes anônimos: pessoas que vestiam máscaras e capas e se encarregavam, elas mesmas, de punir criminosos. Alguns deles formaram seu próprio grupo em Nova York, o Minutemen, e se tornaram celebridades - o que fez com que, com o tempo, muitos de seus atos públicos fossem mais publicidade do que qualquer outra coisa. Apesar da fama, os Minutemen tinham desentendimentos e problemas entre si: o mais grave deles foi quando Edward Blake (conhecido pelo codinome Comediante) tentou estuprar Sally Jupiter (ou Silk Espectral), sendo impedido pelo também vigilante Justiça Encapuzada.
Uma nova geração de heróis, ou vigilantes, surgiu nos anos 1960: a nova Silk Spectral (Laurie, filha de Sally), Adrian "Ozymandias" Veidt (o homem mais inteligente do mundo), Coruja (cujo real nome é Dan Dreiberg, um herói cheio de gadgets e tecnologias), Rorschach (um homem intenso, brutal e violento, cujo verdadeiro nome é Walter Kovacs) e o onipotente Dr Manhattan (na verdade, o único "super-herói de verdade" da história). Houve uma tentativa de formar um novo grupo de combatentes, batizado Crimebusters, reunindo os novatos e os veteranos, mas a ideia não deu certo.
A popularidade dos vigilantes só caía: os cidadãos comuns se incomodavam com o fato de que, aparentemente, os ditos heróis podiam fazer o que bem entendiam, como se estivessem acima da lei - e protestos a respeito disso imortalizaram, nos quadrinhos, a frase "Who watches the watchmen?", algo como "Quem vigia os vigilantes?" - inspirada na frase em latim "Quis custodiet ipsos custodes?"; que seria mais exatamente traduzida para algo como "Quem vai guardar os próprios guardas?". Em 1977, a atividade dos vigilantes foi proibida pelo Keene Act, batizado com o nome do Senador Joe Keene. O Comediante e Dr Manhattan passaram a trabalhar para o governo; enquanto Rorschach continuou operando, agora como fora da lei.
Nascido Jon Osterman, o Dr Manhattan é o único personagem da história com poderes sobre-humanos - e sua onipotência o torna praticamente indistinguível de Deus. Sua existência é responsável pela maior parte das diferenças entre o nosso mundo e o mundo de Watchmen: com o Dr Manhattan do lado dos Estados Unidos, o país norte-americano venceu a Guerra do Vietnã; e o presidente Richard Nixon se tornou tão popular que permaneceu no cargo até 1985 - época em que os Estados Unidos se encontram à beira de uma guerra nuclear contra a União Soviética.
Laurie, a nova Silk Spectral, tem há anos um relacionamento com Dr Manhattan - mas acaba trocando-o por Coruja. Ao longo da história, ela descobre que é filha do Comediante - e fruto não da tentativa de estupro sofrida por sua mãe, mas sim de um relacionamento consensual que o Blake e Sally tiveram anos depois.
Um plano para salvar a humanidade do desastre nuclear iminente é revelado ao longo dos quadrinhos: simular uma invasão alienígena, o que uniria as pessoas de diferentes países no objetivo de se defender dessa ameaça externa em comum. A "simulação" mata nada menos que três milhões de pessoas - mas o restante é salvo, e o apocalipse nuclear é evitado. Entre a HQ e o filme de 2009, há diferenças nessa parte de narrativa; mas a conclusão é praticamente a mesma.
Dr Manhattan mata Rorschach - que, ao descobrir o esquema, planeja divulgar a história para o mundo; provavelmente arruinando as chances de o planeta se manter em paz. Mas a série de quadrinhos termina com um dos diários de Rorschach nas mãos de um jornalista - ou seja, há grandes chances de que a verdade venha à tona de uma forma ou de outra.