Xbox lança nuvem de jogos que substitui os próprios consoles

03.12.2020 | 20h35 - Atualizada em: 08.12.2020 | 10h25
Por Folhapress
O xCloud foi lançado em setembro em cerca de 20 países

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Nessa modalidade, o que permite que o jogo seja carregado é um servidor remoto

Dias após lançar uma nova geração de consoles, a Microsoft traz ao Brasil uma tecnologia com potencial de substituir os próprios aparelhos. Batizado de projeto xCloud, por meio dessa tecnologia é possível acessar jogos de última geração no celular e, no futuro, em praticamente qualquer dispositivo com acesso à internet. O período de testes para um grupo restrito de jogadores começou neste mês no Brasil. O xCloud foi lançado em setembro em cerca de 20 países, como Canadá, França, Alemanha, Portugal, Inglaterra e Estados Unidos.

Nessa modalidade, o processamento do game é feito em nuvem. Ou seja, quem permite que o jogo seja carregado é um servidor remoto. O celular se conecta pela internet para reproduzir as imagens por streaming, como se fosse uma transmissão ao vivo de YouTube, e captar os comandos do usuário. A exigência de conexão é maior comparada a um conteúdo em vídeo, pois é preciso também enviar os comandos do jogador. Microssegundos de atraso no sinal podem comprometer a experiência.

Não houve problemas nos testes realizados pela reportagem. Após os jogos carregarem por aproximadamente 30 segundos, passam a rodar com normalidade, mesmo nos títulos que demandam alta precisão, como "Tekken 7". Se esse arranjo der certo, passa a ser desnecessário comprar máquinas novas para aproveitar os lançamentos. Os consoles da Microsoft custam entre R$ 2.799 (Xbox Series S) e R$ 4.599 (Xbox Series X).

A Microsoft declara encarar o xCloud como um complemento para oferecer mobilidade. "Consoles continuam sendo a experiência de jogo mais imersiva para a sala de estar", afirma Bruno Motta, gerente de Xbox no Brasil. "O consumidor de entretenimento quer ter acesso ao seu conteúdo preferido em diversas plataformas". A prática, porém, mostra que é viável dispensar os consoles para as jogatina. As principais diferenças são inerentes ao próprio dispositivo móvel: tamanho da tela menor, bateria que descarrega e notificações de aplicativos.

Primeira a chegar ao Brasil, a Microsoft concorre com empresas como Google, Facebook, Amazon, NVidia e Sony no segmento de serviços de jogos em nuvem em mercados internacionais. A tendência mobilizou também a Apple, mas no sentido contrário. A dona do iPhone criou restrições para o serviço em seus dispositivos. Amazon, NVidia e Google ensaiam driblar a barreira da App Store com versões voltadas para os navegadores.

Serviços de games na nuvem faturaram US$ 159 milhões (aproximadamente R$ 860 milhões) em 2019, com estimativa de fechar o ano atual em US$ 356 milhões (R$ 1,9 bilhão). Se a cifra for confirmada, trata-se de um crescimento de mais de 120%, segundo dados da Newzoo, empresa de análise de jogos e e-sports. "Especificamente na América Latina, que prioriza dispositivos móveis, esperamos que os gastos dos consumidores com games em nuvem cresçam mais de 25 vezes entre 2020 e 2023", afirma Guilherme Fernandes, da Newzoo. Para ele, um gargalo que pode impedir o crescimento é a infraestrutura de rede precária da região.

A estimativa é que em 2023 os games na nuvem obterão receita global de US$ 3,2 bilhões (R$ 17,3 bilhões). A Microsoft oferece o xCloud como parte da oferta do Game Pass, serviço lançado em 2017 similar à Netflix para jogos. Em setembro deste ano, a Microsoft divulgou ter 15 milhões de assinantes. Quem tiver o pacote Ultimate, com mensalidade de R$ 45, pode pleitear uma vaga no teste do xCloud. Selecionados podem usar o xCloud em tablets e celulares Android sem custo adicional. Salvo algum percalço, após a fase beta terminar todos os usuários Ultimate terão acesso. Segundo Motta, o período de prévia não tem data para ser encerrado.

Hoje estão disponíveis 33 jogos pela nuvem. Estão lá grandes produções, como "Batman: Arkham Knight" e "Gears 5", além de independentes, como "Bloodstained: Curse of the Moon". Dois títulos foram otimizados para serem usufruídos sem controle, direto na tela do celular: "Minecraft Dungeons" e "Hellblade". Os demais necessitam de um controle Xbox com conexão bluetooth. Outra vantagem da nuvem é que os jogos não ocupam espaço de armazenamento do aparelho. Disponível no xCloud, "Halo: The Master Chief Collection" ocupa mais de 120 GBs no Xbox Series X.

Depois da Microsoft, quem deve trazer seu serviço para o Brasil é a fabricante de placas gráficas para computadores Nvidia. A empresa lançou o GeForce Now em fevereiro nos Estados Unidos e hoje conta com 5 milhões de usuários. "O serviço faz todo o sentido em países como o Brasil onde o custo do hardware é elevado em razão dos impostos", afirma Richard Cameron, presidente da empresa no Brasil. Segundo ele, no primeiro semestre de 2021 o serviço virá ao Brasil.

Já o Facebook enxerga os games em nuvem como um complemento para as transmissões ao vivo. "O Brasil é um dos cinco países que mais assistem a streaming de jogos no Facebook. Queremos tornar cada vez mais instantânea a experiência de jogar, assistir a streamings de games e se conectar em torno dos jogos na plataforma", diz Jason Rubin, vice-presidente do Facebook. A plataforma Facebook Cloud Gaming está em teste em alguns estados dos EUA. A previsão é que em 2021 ocorra uma expansão a mercados internacionais. Rubin disse não ter uma data específica para o Brasil.

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